A cada dia, são contabilizados no mundo mais de 1 milhão de casos de infecções sexualmente transmissíveis (IST) curáveis entre pessoas de 15 a 49 anos, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados são de 2019, mas as IST estão em alta no Brasil. De acordo com os dados coletados pelo Ministério da Saúde, mais de 43 mil casos foram registrados. Por isso, a Unimed Curitiba faz questão de trazer informações sobre o tema e explicar as formas de prevenção, independentemente da idade ou da existência da vida sexual ativa. Na coluna de hoje, falaremos sobre os tipos mais comuns de IST, quais são os riscos para homens e mulheres, como a transmissão ocorre, como é feito o diagnóstico, possibilidades de tratamentos e muito mais.
Antigamente, DST
Tradicionalmente, as IST eram conhecidas por doenças sexualmente transmissíveis (DST), pois englobava as mais diversas doenças que poderiam ser transmitidas via sexual. “Essa terminologia foi alterada para IST por compreender que algumas doenças não possuem sintomas e são, portanto, infecções, podendo tornar uma pessoa portadora, e não necessariamente supor uma doença”, explica o médico cooperado da Unimed Curitiba Ari Adamy Júnior, especialista em urologia, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (Seção Paraná) e coordenador da residência médica em urologia da Santa Casa de Curitiba.
Os tipos mais comuns
Sabe-se que, atualmente, o mais prevalente é o vírus do HPV, que pode ser diversificado em de baixo e de alto grau. “É um dos tipos mais comuns tanto entre homens quanto entre mulheres. Acredita-se que em torno de 70 a 80% das pessoas tiveram, têm ou terão uma infecção por HPV”, comenta a médica cooperada Dulce Cristina Pereira Henriques, especialista em ginecologia, participante do Comitê de Ética da Unimed Curitiba e mestranda pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Ela explica que o vírus geralmente completa um ciclo celular que, na grande maioria das vezes, se cura sozinho, resultando em uma alta contaminação. Como o HPV pode não apresentar sintomas, muitas pessoas acabam por não saber que foram contaminadas e podem infectar mais pessoas ao ter relações sexuais sem o uso do preservativo.
Além do HPV, vale ressaltar o alerta para a sífilis, uma infecção antiga que ressurgiu nos últimos anos. A sífilis tem três estágios: inicial, na qual uma pequena úlcera indolor pode aparecer no homem ou na mulher. Se não tratada nessa primeira fase, a tendência é que essa úlcera desapareça sozinha ao longo de 7 ou mais dias, mas ela não desparece por completo do organismo. Na etapa secundária, começam a aparecer lesões cutâneas, pequenas lesões avermelhadas, na palma da mão e na ponta dos pés, sintomas que também tendem a desaparecer aparentemente. Contudo, na terceira fase, que pode chegar a ocorrer 10, 20 ou 30 anos depois do início, podem ocorrer problemas cardiológicos, ente outros. “Por isso, é extremamente importante se atentar aos primeiros sintomas e ir ao médico especialista, realizar o diagnóstico e iniciar o melhor tratamento de acordo com cada caso”, comentou o urologista Ari.
Além da sífilis, outros casos corriqueiros são muito comuns, como a candidíase, que é uma infecção feminina facilmente tratável e curável.
A importância do exame regular
A principal recomendação é que pessoas que têm vida sexual ativa ou que tenham vários parceiros sexuais, independentemente da orientação sexual, façam exames para diagnosticar regularmente IST como sífilis, HIV, hepatites e outras. Além de cuidar da sua própria saúde e de seus parceiros, ajuda consideravelmente a diminuir a incidência dessas infecções em uma escala muito maior.
Vale ressaltar que existem picos de idade em que são recomendáveis os exames frequentes, de acordo com a ginecologista Dulce. “Dois picos são comumente conhecidos: dos 15 aos 25 anos, no qual as pessoas estão iniciando sua vida sexual e podem ser ingênuas em relação aos cuidados e formas de prevenção; e dos 45 aos 50 anos, pois é uma fase em que casais podem se divorciar e voltam a se relacionar com novos parceiros, após anos de um relacionamento monogâmico”, comentou a especialista. Embora esses dois picos sejam os mais comuns, é importante atentar-se aos possíveis sintomas e tomar todos os cuidados necessários em qualquer idade.
O melhor cuidado é o preservativo
Não existe grupo de risco para as infecções, todas as pessoas que se relacionam sexualmente sem proteção estão suscetíveis. Por isso, os especialistas afirmam que o uso do preservativo é essencial e é a melhor forma de prevenção. Embora hoje exista a vacina para HPV, ela apenas previne apenas quatro dos cerca de 100 sorotipos existentes da infecção. Ou seja, a vacina pode ajudar a diminuir a chance de desenvolver o vírus ou um possível câncer, mas ela sozinha não é suficiente como método de proteção. “Acredita-se que nos próximos três anos uma nova vacina octovalente chegará ao Brasil e será capaz de prevenir mais sorotipos. Contudo, ainda assim não será suficiente como único método de prevenção à HPV”, dividiu a ginecologista.
Como perceber os sintomas e como tratar
Existem três principais formas de diagnosticar uma infecção sexualmente transmissível:
- À olho nu, ao observar uma lesão verrucosa
- Subclínica, na qual o ginecologista examina e percebe uma ocorrência incomum (não é recomendada para homens, pois há grande chance de resultar em falso positivo)
- Via biologia molecular, que são exames específicos para acompanhar o DNA do vírus. São menos comuns e geralmente não apresentam nenhum sintoma visível
De acordo com o urologista, o tratamento é, na maioria das vezes, para a lesão verrucosa visível. “É discutido o melhor tratamento que pode ir de medicamentos tópicos para erradicação das lesões, ou eventualmente a cauterização e remoção das verrugas”, explica. Se após esse tratamento novas lesões voltam a aparecer, novos tratamentos poderão ser avaliados de acordo com o cenário clínico do paciente. “Esse cenário pode perdurar por alguns anos ou pode precisar ser acompanhado pelo resto da vida”, comenta o especialista.
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