‘A Gota d’Água’: Estiagem aumenta em 170% a construção de poços artesianos no Paraná, diz Crea


Pedidos de Anotações de Responsabilidade Técnica aumentaram de 389 para 1.049, na comparação entre os cinco primeiros meses de 2019 e 2020. Em Curitiba, o aumento foi ainda maior: de 327%. A Gota D’Água: série de reportagens especiais sobre a pior estiagem da história do Paraná
Por causa da pior estiagem registrada no Paraná, a busca por fontes alternativas de água aumentou e, muitas vezes, ela está mais perto do que imaginamos: por debaixo dos pés.
A construção de poços artesianos no Paraná aumentou em 170%, conforme o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR). De janeiro a maio deste ano, foram 1.049 pedidos de Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs). No mesmo período do ano passado foram 389.
Em Curitiba, o aumento foi ainda maior: de 327%. Conforme o Crea, foram 104 pedidos de janeiro a maio, enquanto no mesmo período de 2019 foram 22.
Saiba quais são as etapas para construção de poços artesianos e os perigos de fazer clandestinamente
A série de reportagens “A Gota d’Água” – uma parceria do G1 com o Boa Noite Paraná – aborda a maior seca registrada na história do estado e as consequências para a população e o meio ambiente.
Série de reportagens sobre a maior seca registrada na história do Paraná
RPC Curitiba
De onde vem essa água?
A água dos poços chega até as profundezas com a chuva. Até 30% da água entra no solo, passa por minúsculos espaços, deixando para trás as impurezas. O sistema de filtragem natural faz com que a água chegue limpa ao subterrâneo.
Para a construção de um poço artesiano, o interessado deve enfrentar alguns processos. Um deles é solicitar a autorização do Instituto Água e Terra (IAT), do Governo do Paraná, que também é quem fiscaliza.
“Uma parte grande é do uso clandestino, perfurações que não solicitam a outorga prévia, que não tem outorga – esse é um grande grupo. O outro grupo é o que faz a perfuração, mediante outorga prévia, mediante outorga de uso de recurso hídrico e, eventualmente, usa além do que poderia usar”, afirmou Everton Luiz Souza, diretor-presidente do IAT.
Água dos poços chega até as profundezas com a chuva
Reprodução/RPC
Entretanto, para extrair a água com qualidade, o poço tem que ser bem feito e a água deve ser analisada.
“A água retirada do subsolo é enviada para um laboratório qualificado, esse laboratório vai dizer todos os critérios que tem para a potabilidade da água e ele vai passar para o contratante. Então, estando dentro das qualificações, a água vai ser de qualidade”, explicou o geólogo Abdel Hach, coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Química, Geologia e Minas, do Crea-PR.
A solução, que está bem longe dos pés, pode mudar a realidade de consumo dos paranaenses.
“A água subterrânea que sai dos aquíferos ela é naturalmente de boa qualidade, normalmente as águas são potáveis. As cidades do futuro são aquelas cidades, que chamamos de resilientes às mudanças climáticas, resilientes a todos esses problemas de seca, elas serão aquelas cidades que tem várias fontes de água: superficial, subterrânea e de reúso”, disse o especialista Ricardo Hidrata.
Estiagem aumenta em 327% a construção de poços artesianos na capital
Reprodução/RPC
‘Escapar’ do rodízio
Um condomínio em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), é um dos exemplos dos que buscaram construir um poço artesiano para tentar amenizar a falta d’água durante os rodízios no abastecimento.
“Acaba tendo autonomia, acaba não dependendo mais da Sanepar”, disse o síndico Emerson Borges.
Sanepar adota rodízio no abastecimento de água a cada 36 horas em Curitiba e Região
Moradores buscam construir poços artesianos para tentar amenizar a falta d’água durante os rodízios
Reprodução/RPC
Caminhões-pipa
Desde o começo do ano, em Curitiba e Região Metropolitana, os moradores também estão tentando encontrar outras saídas para garantir um pouco d’água.
O caminhão-pipa descarrega em um condomínio da capital toda semana 20 mil litros de água.
“Sem banho, sem lavar a louça, sem cozinhar. Se não for o caminhão-pipa a gente fica pelo menos mais 24 horas, além do tempo do rodízio, completamente sem água vinda da Sanepar”, disse o morador Fabiano Portugal.
Procura por caminhões-pipa aumentou em 50% na capital
Reprodução/RPC
Cada caminhão-pipa custa pelo menos R$ 500. A procura por esse serviço aumentou em 50% na capital, e essa água vem dos reservatórios da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), que estão secando com a falta de chuva.
“Peço para que chova porque senão, daqui uns tempos, não teremos água nem para abastecer com os caminhões”, comentou o empresário Adraão Negrelli.
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By Paraná Já

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