Quatro pessoas viraram réus no esquema de criação ilegal e tráfico de cobras exóticas. O estudante de veterinária, Pedro Henrique Kambreck Lehmkul, assim como sua mãe Rose Meire dos Santos Lehmkuhl, o padrastro Clóvis Eduardo Condi e o amigo Gabriel Ribeiro de Moura vão responder por associação criminosa, venda e criação de animais sem licença e maus-tratos.
A Justiça aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na quinta-feira (3).
O caso foi descoberto após o estudante ter sido picado por uma cobra naja, nativa da Ásia e África, e ficar em coma. Enquanto ele ficou internado em estado grave, a polícia e o Ministério Público descobriram que Pedro encabeçava um esquema de tráfico de serpentes. Segundo o MPDFT, ele criava em cativeiro e vendia serpentes de diversas espécies, tanto nativas quanto exóticas.
A denúncia aponta que a mãe e o padrasto de Pedro eram coniventes. Eles sabiam de todo o esquema e ainda participavam da criação das cobras e no cuidado dos ovos. Já Gabriel foi denunciado por tentar se desfazer da naja que picou Pedro. Ele levou a cobra, dentro de uma caixa, para um local perto de um shopping.
Para piorar, o padrasto de Pedro é tenente-coronel da Polícia Milita e garantiu a Gabriel que ele não sofreria punição. Pouco depois que a cobra foi deixada na rua, a Polícia Militar Ambiental apareceu para resgatar o animal.
Gabriel e Pedro chegaram a ser presos no âmbito da Operação Snake, da Polícia Civil, mas foram soltos dias depois. Rose Meire, Clóvis e Gabriel também responderão por fraude processual e corrupção de menores, já que o irmão de Pedro, menor de idade, também tentou esconder as serpentes. Pedro Henrique ainda responde por exercício ilegal da medicina veterinária e Rose Meire pelo crime de dificultar ação fiscalizadora do Poder Público em questões ambientais.
A defesa de Pedro, sua mãe e seu padrasto foi procurada pela Agência Brasil, mas não respondeu. Já a defesa de Gabriel afirmou que “a denúncia repete os mesmos equívocos do relatório policial” e acrescentou que confia na inocência do estudante “diante da absoluta falta de provas em relação a alguns crimes”.
PENA
O promotor de Justiça do MPDFT, Paulo José Leite Farias, disse que a pena máxima para posse irregular de animais não é alta, podendo chegar a um ano de prisão por caso. No entanto, foram encontrados pelo menos 23 animais em situação irregular. Com isso, a pena sofreria um aumento considerável.
A Justiça Militar investiga a participação de outro policial militar,que teria combinado com Clóvis que a polícia não faria nenhuma investigação sobre o caso. “Há indício de crime de prevaricação no momento em que os policiais do batalhão deixam de atuar como deveriam. Não efetuaram prisões e, pelo que surge do inquérito, teria sido um ajuste no sentido de encobrir os fatos”, disse o promotor de Justiça Nísio Tostes, em entrevista coletiva realizada hoje.
Também estão envolvidos no caso seis estudantes de veterinária, que colaboram na retirada dos animais do local de criação, além de uma professora.m que ainda não foram denunciados pelo MPDFT. Eles poderão fazer um acordo de persecução penal, que começa com a confissão formal de culpa. Caso não assinem o acordo, a denúncia será apresentada.