O eletricista Diego Gomes Batista Santos escapou de entrar para uma das estatísticas que está crescendo em São Paulo durante o período de quarentena. Ele foi vítima de um acidente no dia 25 de julho, quando seguia de moto até uma farmácia perto de onde mora, na Zona Sul da capital. O resultado foi uma fratura exposta e duas cirurgias, na perna e no tornozelo direito. Enquanto se recupera do acidente, o eletricista está sem conseguir andar direito e, por isso, não pode voltar a trabalhar. De cama e fazendo fisioterapia pelos próximos quatro meses, Diego acredita que as pessoas estão obedecendo menos as regras de trânsito durante a pandemia. “Ele fez uma conversão que não podia, a prioridade era minha. Ele foi e jogou, dirigindo daquele jeito, malandro né. E a gente que está andando certinho e fazendo a coisa certa acaba dando errado”, disse Diego.
Os motociclistas se tornaram as principais vítimas do trânsito em São Paulo durante a pandemia da Covid-19. Um estudo do Instituto Sou da Paz aponta que 42% das pessoas mortas em acidentes de trânsito na capital paulista entre o dia 24 de março, início da quarentena, e 30 de junho, eram condutores de motocicletas. No mesmo período, os pedestres representaram 32% dos óbitos e os motoristas de carros foram 19%. No total, o número de mortes de motociclistas cresceu 11%.
Para a coordenadora do Instituto Sou da Paz e autora do estudo, Cristina Neme, o número pode ter relação com a expansão dos aplicativos de entregas. “Com o aumento da circulação e demanda de entregas durante a pandemia, essa categoria, que é considerada serviço essencial, ficou mais vulnerável”, afirmou. “A velocidade, que é um dos principais fatores de risco, pode ter aumentado, assim como o descuido, desrespeito à sinalização, a pressa, o desrespeito entre faixas, tudo nesse momento de grande demanda por entregas. Então todos esses elementos tem que ser levados em consideração para fazermos a prevenção e diminuirmos essas mortes”, completou Cristina.
Ela destaca, no entanto, que, no geral, as mortes no trânsito caíram 16% na capital e 23% por cento no estado. O Sou da Paz aponta que os acidentes matam mais de 5 mil pessoas por ano no estado de São Paulo; isso é duas vezes mais que a taxa de homicídios.
* Com informações da repórter Beatriz Manfredini