O Paraná registrou recorde de mortes em confrontos com policiais no primeiro semestre de 2020. O dado está presente no levantamento divulgado pelo MP-PR (Ministério Público do Paraná) nesta segunda-feira (24), que contempla os cinco últimos anos.
Foram 184 óbitos registrados entre janeiro e julho – 183 pessoas foram vítimas em situações com a PM (Polícia Militar do Paraná) e uma contra a Guarda Municipal de Curitiba. Nenhuma pessoa morreu por confronto com policiais civis.
O número de 2020 é 13,58% maior comparado ao mesmo período do ano passado, quando 157 pessoas perderam a vida em decorrência de confrontos policiais.
Até então, o maior índice tinha sido registrado no primeiro semestre em 2017, com 171 mortes.
Veja a tabela do MP referente aos cinco últimos anos:
O levantamento do MP também aponta as cidades que tiveram mortes por confrontos com policiais neste ano. Confira:
- Curitiba – 48
- Londrina – 29
- São José dos Pinhais – 14
- Colombo e Prudentópolis – 7
- Foz do Iguaçu – 6
- Piraquara – 5
- Fazenda Rio Grande, Ponta Grossa, Toledo e Umuarama – 4
PANDEMIA DE COVID-19 É FATOR A SER CONSIDERADO, DIZ PROCURADOR DO GAECO
Leonir Batisti, coordenador estadual do Gaeco e procurador de Justiça, avalia que a PM registra um maior número nessas mortes por ser a responsável para atender os eventos.
“Conversando com vários comandantes militares, eles interpretam que isso pode ser devido à pandemia, que proporcionou que os policiais chegassem mais rapidamente aos lugares”, diz ele.
O MP-PR é o encarregado de fazer a investigação de todos os óbitos em confrontos. O processo de apuração é feito geralmente em parceria com a polícia científica e Instituto de Criminalística, responsáveis por apresentar laudos para determinar se houve, de fato, um confronto.
“Essa situação de confronto é um pouco ampla e por isso cada caso é verificado. É apurado a necessidade do cumprimento dos protocolos: se existe a ação policial na legítima defesa de terceiros ou próprios, erro na conduta ou mesmo de má fé”, completa.
Em toda ocorrência é instaurado procedimento administrativo e inquérito policial, que é submetido ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, com total transparência e rigor para a punição de raríssimos desvios.
PM E POLÍCIA CIVIL SE MANIFESTAM
Procurada pelo Paraná Portal, a PM-PR informou que busca proteção da vida do cidadão e dos policiais militares envolvidos na ocorrência.
“Toda e qualquer ação de integrantes da Corporação durante o cumprimento do dever, seja no âmbito preventivo ou repressivo, é amparada pelos limites da Constituição Federal e da lei, e levados em consideração os direitos humanos e a dignidade da pessoa”, diz em nota.
“A atuação dos policiais militares segue protocolos internacionais de atuação policial, que passam por várias técnicas, sendo a arma de fogo como último recurso. Além disso, a Corporação está sempre instruindo e aperfeiçoando seus integrantes no sentido da busca da preservação da vida e respeito aos direitos humanos”, completa.
Já a Polícia Civil celebrou as ótimas estatísticas em relação às mortes, mas diz que a ocorrência de óbitos é inerente à atividade policial em todo o mundo.
“O objetivo é sempre realizar a prisão do agressor, afinal somos uma polícia investigativa e todo criminoso pode ter informações importantes para investigações. O treinamento constante de nossos policiais é direcionado para o uso diferenciado da força”, diz em nota.