Uma das vítimas foi deixada amarrada na margem paraguaia do rio e teve a embarcação roubada; PF diz ter intensificado fiscalização sobre as águas durante a pandemia. Pescadores relatam ameaças e assaltos em Lago de Itaipu e no Rio Paraná
Pescadores têm relatado situações de perigo no Lago de Itaipu e do Rio Paraná, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
Um dos pescadores disse que teve a embarcação roubada. Além disso, os suspeitos o deixaram amarrado na margem paraguaia do Rio Paraná após o assalto.
“A embarcação foi se aproximando, como se fosse de pescadores normais. Uma embarcação de pequeno porte. A gente estava normal, em nenhum momento achamos que seria ladrão. Quando a gente foi abordado, já fomos abordados com tiros. Não deu tempo de reação, tiro de fuzil. Nós fomos jogados na embarcação, fomos amarrados com enforca gato, fui amarrado com o braço para trás. Eles só falavam que a gente estava no luar errado, no momento errado, na hora errada.”
De acordo com os pescadores, que não quiseram se identificar, os riscos nas águas aumentaram após o fechamento da tríplice fronteira, entre Brasil, Paraguai e Argentina. Um deles trata a situação como período de terror.
“Se eu estiver com meu filho ou com a minha filha, chega alguém para te assaltar e manda você pular na água. Que sentimento, que sensação você vai ter? O terrorismo. Nós somos adultos, mas e uma criança pescando? Meu filho ama pescar. Medo de morrer.”
Militar brasileiro patrulha a Ponte da Amizade, fronteira com o Paraguai, em Foz do Iguaçu
Christian Rizzi/Reuters
De acordo com a Polícia Federal (PF), a fiscalização na fronteira foi intensificada desde o início da pandemia, com o fechamento das pontes.
“Agora está mais perceptível porque os olhos estão mais voltados para o rio, em virtude do fechamento da ponte. Então existe uma movimentação um pouco maior do que existia antes e a fiscalização foi aprimorada. Estamos trabalhando com a Marinha, Exército, Polícia Civil, Polícia Militar, BPFron, Força Nacional, todos na Operação Hórus, fazendo a fiscalização do rio e do lago”, disse o delegado da PF Roberto Biasoli.
Um dos pescadores, que trabalha com pesca no Rio Paraná há 37 anos, disse que além do medo que os profissionais têm enfrentado, a Marinha paraguaia pede que eles se afastem do rio.
“Está sendo feito um toque de recolher no rio e no Lago de Itaipu. Os pescadores não podem sair à noite para colocar seu material na água. À noite está sendo muito perigoso, porque eles estão levando rajadas de tiros. Os pescadores estão passando mal momento com essa questão de segurança. ”
Contrabandistas e traficantes estão usando o Rio Paraná para atravessar a fronteira
Reprodução/RPC
Moradores que conhecem há muitos anos a região do Rio Paraná, disseram que a situação ficou grave nos últimos meses.
“A gente tem família para sustentar e não tem como trabalhar. Nós somos inocentes na beira do rio. Pescador não tem como se proteger.”
Segurança nas águas
O Rio Paraná e o Lago de Itaipu são usados por criminosos para o transporte de armas, drogas e mercadorias do Paraguai. De janeiro até julho de 2020, foram apreendidas mais de 17 toneladas de droga nas águas da fronteira, ou seja, 10% a mais do que foi apreendido no mesmo período de 2019.
Conforme o delegado da PF, a orientação é de que qualquer tipo de movimentação suspeita no rio e no lago seja comunicada às forças de segurança.
“Quando essas situações acontecerem, que tragam à Polícia Federal. Estamos abertos, 24 horas, para receber qualquer tipo de denúncia e informação nesse sentido. Aí sim poderemos proceder.”
Pescadores têm relatado situações de perigo no Rio Paraná e no Lago de Itaipu, em Foz do Iguaçu
RPC/Reprodução
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