Levantamento do Foztrans considera as infrações cometidas nos últimos cinco anos. Órgãos de fiscalização encontram dificuldades para cobrar, enquanto veículos com placas de fora são oferecidos em redes sociais. Veículos paraguaios e argentinos acumulam quase R$ 24 milhões em multas em Foz do Iguaçu
Veículos com placas do Paraguai e da Argentina acumulam nos últimos cinco anos quase R$ 24 milhões em multas em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
Conforme levantamento do Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do Iguaçu (Foztrans), os veículos paraguaios somam R$ 14.692.126,62 em infrações, enquanto os argentinos devem R$ 9.725.985,90.
A dívida milionária é resultado da imprudência. Vídeos de câmeras de monitoramento mostram flagrantes, como o de um carro paraguaio que não respeita o sinal vermelho e quase atropela um pedestre. Assista ao vídeo acima.
Vídeos de câmeras de monitoramento mostram flagrantes, como o de um carro paraguaio que não respeita o sinal vermelho e quase atropela um pedestre
Foztrans/Reprodução
As imagens também mostram um dos veículos estrangeiros com mais multas de trânsito. Desde 2017, foram 218 infrações e nenhuma paga. O dono chegou a ser multado seis vezes em apenas dois dias.
A dívida passa de R$ 42 mil por infrações como excesso de velocidade, estacionamento em desacordo com a regulamentação e avanço de sinal vermelho.
Antes da pandemia, com as fronteiras abertas, as multas cometidas por estrangeiros representavam 40% do total. Desde março, o índice caiu para 15%.
Porém, a queda esperada era maior, visto que muitos desses veículos não deveriam estar no Brasil com as fronteiras fechadas.
“É uma porcentagem muito significativa. São condutores confiantes na impunidade”, avalia o fiscal do Foztrans Robson de Lima.
Compra por brasileiros
As autoridades indicam que brasileiros compram esses veículos para não pagar impostos e pela dificuldade que órgãos de fiscalização têm para cobrar as multas.Em geral, a dívida só é cobrada em um blitz ou abordagem de rotina.
“Como os veículos estrangeiros não têm cadastro no Brasil, muitos condutores acreditam que não vão ser responsabilizados por essas infrações de trânsito”, diz o fiscal do Foztrans.
De acordo com a Receita Federal, apenas turistas estrangeiros ou brasileiros com domicílio no país e no exterior podem ter veículos com placas internacionais. Fora dessas situações, o carro pode ser apreendido.
Antes da pandemia, com as fronteiras abertas, as multas cometidas por estrangeiros representavam 40% do total
Foztrans/Reprodução
Anúncios em redes sociais
Veículos com placas paraguaias e argentinas são anunciados em redes sociais. A reportagem conversou com um dono de carro com placa do Paraguai interessado em vender. O risco de perder o carro não intimida a venda.
“Eu ando tranquilo. Vai fazer quase dois anos que tenho [o carro]. E eu não tenho carteira internacional, não tenho nada”, afirma.
Questionado se já passou por alguma fiscalização, o homem responde que não. Ele também cita “vantagens” para ter o veículo.
“Não vem [multa]. Fica na placa. Deve ter alguma [o carro negociado]. Eu ando todo dia, às vezes furo um sinal”, diz aos risos.
Veja mais notícias da região no G1 Oeste e Sudoeste.
Veículos paraguaios e argentinos acumulam quase R$ 24 milhões em multas em Foz do Iguaçu
