Acusado de corrupção no São Paulo não paga dívida de R$ 395 mil, e cassino de Las Vegas vai à Justiça

O Wynn Las Vegas, hotel e cassino norte-americano, passa por novos problemas por inadimplemento de pessoas ligadas ao futebol brasileiro. Após ser obrigado a procurar a Justiça contra o técnico Vanderlei Luxemburgo, em 2015, o local agora acionou os tribunais brasileiros contra Alan Cimerman, ex-gerente de marketing do São Paulo: demitido por justa causa acusado pelo clube de corrupção.

O estabelecimento alega, em ação que corre na 16ª Vara Cível e está nas mãos da juíza Paula da Rocha e Silva Formoso, que o ex-dirigente tricolor emitiu nota promissória no valor de US$ 125 mil (cerca de R$ 395 mil), com vencimento em 30 de janeiro de 2015, mas jamais quitou a dívida.

Cimerman reconhece que fez a dívida, mas que ela foi feita para o pagamento de um show. E que ela já estaria quitada.

O Wynn informou ao Poder Judiciário de São Paulo que a nota foi emitida em Las Vegas, Nevada (EUA), em dólares americanos, tendo como praça de pagamento a cidade de São Paulo. Contudo, Alan Cimerman não honrou com o adimplemento integral do título na data do vencimento, informou o cassino.

Assim como já havia feito em 2015, quando enfrentou problemas por falta de pagamento de R$ 430 mil de Luxemburgo, hoje no Sport, o cassino americano contratou advogados no Brasil e encaminhou cópias dos documentos assinados  por Alan Cimerman quando passou pelo local, em 1 de novembro de 2014.

O Wynn fica em Las Vegas, Nevada, Estados Unidos, sendo conhecido como um dos mais caros e luxuosos cassinos da região, além de ter um dos mais caros hotéis da cidade norte-americana. O cassino é um de seus carros-chefes e oferece noitadas de pôquer com premiações na faixa de 25 mil dólares diários.

O local acrescentou, em petição enviada à Justiça dia 12 de julho do ano passado, que tentou várias vezes acordo com Alan Cimerman, em vão. O ex-dirigente foi contratado pelo time do Morumbi em 2015 e demitido na semana passada por justa causa.

Cimerman foi mandado embora depois de o clube acusar problemas de corrupção envolvendo o então dirigente e a venda de ingressos para show da banda U2. O clube acusa Alan de repassar ingressos de camarotes bloqueados a laranjas para revenda e recebimento de dinheiro. O ex-gerente nega as acusações.

No processo, inclusive, Cimerman pediu liminar para que a Justiça fizesse o desbloqueio de sua conta bancária. No dia 9 de novembro do ano passado, ele usou o São Paulo Futebol Clube como forma de argumentação, dizendo que o time do Morumbi é a empresa destacada em seu holerite que paga seu salário.

Isso ocorreu após a juíza Jacira Jacinto da Silva emitir decisão exigindo a citação de Alan Cimerman e obrigando a penhora dos bens do acusado para o caso de não pagamento de dívida.

Em outra parte do processo,  Alan Cimerman diz que “possui diversos processos judiciais em andamento em virtude do trabalho realizado para o Comitê Organizador da Copa do mundo Fifa 2014 para a realização das cerimônias de abertura e encerramento da Copa do Mundo Fifa 2014, cujo pagamento final não recebeu até hoje”. Segundo verificou a reportagem, o ex-gerente tricolor enfrenta problemas em processos judiciais que, somados, ultrapassam R$ 1,5 milhão

Na decisão mais recente da Justiça, a juíza Paula da Rocha e Silva Formoso definiu a penhora de quotas ou ações da empresa Spirit Comunicação, em nome de Alan Cimerman. O despacho é do último dia 6 de junho.

No dia 11 de julho, a magistrada pediu que o Wynn providenciasse os meios para intimação da empresa executada sobre tal decisão. Isso foi feito dois dias depois.

No dia 18 do mesmo mês, a juíza pediu que fosse expedida carta de intimação para que um oficial de Justiça intime a Spirit Comunicação sobre a penhora. O documento foi enviado, mas ainda não encontrou o destinatário.

OUTRO LADO

Procurado pela reportagem, Alan Cimerman disse: “Acho que a informação de vocês está errada. Não é dívida de cassino, e sim de um show. Que já foi paga e resolvida”.

A reportagem pediu pelo envio de um comprovante do pagamento, já que esse suposto pagamento não existe no processo que está na Justiça, é público e eletrônico. O ex-dirigente enviou a foto de metade de um documento, que sequer cita o nome do Wynn. Foi solicitado pela documentação completa, mas ele parou de responder às mensagens.

Ainda por mensagem, apesar de ter dito que não era nada relativo a um cassino, se contradisse e afirmou: “Não é dívida de cassino, e sim o show do cassino, que foi resolvido, referente à Copa do Mundo”, apontou. “Era pela contratação de um show. Concepção e criação de um show. Faltou um último pagamento e já foi feito mês passado”, continuou. A reportagem rebateu dizendo novamente que isso não consta no processo público, que é eletrônico e atualizado diariamente, e foi solicitado pelo envio do comprovante que ele alega ter, mas mais uma vez o ex-dirigente não enviou.

A reportagem acrescenta que o Wynn Las Vegas entrou na Justiça do Brasil no dia 12 de julho de 2016, dois anos depois do fim da Copa do Mundo 2014. E a nota promissória assinada por Alan Cimerman, conforme mostra documento acima, é do fim de 2014, também meses após o término do Mundial.

O ex-dirigente confirmou que é o dono da Spirit Comunicação, que teve as contas e ações bloqueadas pela Justiça, conforme também mostrou a matéria acima.

A reportagem procurou dois advogados que respondem por Cimerman, um chamado Daniel Bialski e outro identificado apenas como “doutor Tomás”. O primeiro não atendeu aos telefonemas, enquanto o segundo disse que “não está autorizado a falar sobre o assunto”. Já representantes do Wynn também pediram para não dar entrevista.

By Victoria Poletti

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